Memorabilia
Há vida nas coisas inanimadas
a partir do momento em que adquirem significados.
Se acaso, com carinho, são tocadas,
ganham a bênção de trazer recados.
Há vida nas coisas inanimadas
quando remetem a histórias, memórias e espaços.
Despertam a nostalgia de datas
e relembram antiquíssimos laços.
Há vida nas coisas inanimadas
porque as relações assim as revigoram, inconscientes.
Alianças, retratos, cartas, camisas desbotadas:
o amor dá à luz até a objetos inocentes.
Há vida nas coisas inanimadas
porque o homem vê nelas o reflexo de seus erros.
Cada souvenir é um ano de decisões equivocadas:
a mobília é um relicário de segredos.